segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Isoladamente uno, invariavelmente mudo ... escuto os sinais do mundo e levanto os escudos que ficticiamente me protegeriam, mas que na verdade me encarceraram nas vértebras de minhas costelas ... tão belas palavras não ditas, tantas feras prontas a lançar-se por sobre as avenidas, que aturdido faço-me mito estilhaçando-me em minúsculos arenitos ... os granitos escondem os gritos não proferidos, os muros desabam por não aguentar o peso dos escritos ... malditos ... infinitos versos, pronomes imersos em líquidos de sólidos minutos, insólitos versículos expondo a face pelo avesso dos desejos ... sem jeito me aproximo de meus defeitos querendo alcançar, mesmo que em sonho, um lugar ao teu lado, um luar congelado no tempo e no espaço onde possamos refletir a vida, transformando imagens distorcidas em paisagens talhadas pelas mãos, pensadas pela ilusão, criadas pelo coração ... uma canção, queria poder dizer numa canção o que sinto quando tenho perto dos olhos tua visão ... estranha sensação, um misto de fascínio e paixão, que me da a certeza de um dia estarmos juntos, pois de outra forma tudo não passaria de uma anedota, uma porta trancadan por fora que teve a chave jogada em uma poça ou quem sabe perdida em meio a uma praça, esquecida dentro de uma taça.

Telmo 18/6/93