segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Isoladamente uno, invariavelmente mudo ... escuto os sinais do mundo e levanto os escudos que ficticiamente me protegeriam, mas que na verdade me encarceraram nas vértebras de minhas costelas ... tão belas palavras não ditas, tantas feras prontas a lançar-se por sobre as avenidas, que aturdido faço-me mito estilhaçando-me em minúsculos arenitos ... os granitos escondem os gritos não proferidos, os muros desabam por não aguentar o peso dos escritos ... malditos ... infinitos versos, pronomes imersos em líquidos de sólidos minutos, insólitos versículos expondo a face pelo avesso dos desejos ... sem jeito me aproximo de meus defeitos querendo alcançar, mesmo que em sonho, um lugar ao teu lado, um luar congelado no tempo e no espaço onde possamos refletir a vida, transformando imagens distorcidas em paisagens talhadas pelas mãos, pensadas pela ilusão, criadas pelo coração ... uma canção, queria poder dizer numa canção o que sinto quando tenho perto dos olhos tua visão ... estranha sensação, um misto de fascínio e paixão, que me da a certeza de um dia estarmos juntos, pois de outra forma tudo não passaria de uma anedota, uma porta trancadan por fora que teve a chave jogada em uma poça ou quem sabe perdida em meio a uma praça, esquecida dentro de uma taça.

Telmo 18/6/93

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Brincamos a toda hora frente aos espelhos, frente aos dias ... ironias a invadir nossas moradias transfigurando nossa rebeldia.
Um caminho de andar longínquo, labirinto intrínseco de vertigem e pânico ... tirânico soberano que devora nossos sonhos, senhor de vários enganos a esganar nossos planos ... ser humano.
Esperamos sempre por um futuro melhor, anos dourados de resplandecência glória, imagem imprópria, pois as somas deduzem a vil memoria ... estamos como em um coma profundo, ouvidos entupidos, olhos escondidos.
Fazem e desfazem, agem e desagem ... paisagem sem árvores, sem mares ... cabarés fedorentos junto aos cais do firmamento.
Imaginemos nós mesmos, descalços e sem medos ... sem receio de tombar o caro dos ventos, inverter os ponteiros do tempo ... lento tempo das mudanças humanas ... vento a trazer nossos elementos.
s/d

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vivemos absortos por padrões herméticos, ecléticos patrões a designar nossas funções segundo o bom grado das monções ... nação despedaçada, gente desesperada.
Nada influi sobre o rumo da embarcação, nada conduz os homens a sua libertação, pois as forças da posição são fortes, tão fortes quanto um furacão a arrastar corpos ... destruição.
Ação e reação rasgam a carne, esfacelam utópicas emoções; transladam a mente para o sempre presente ... ausente ser que não mais sente, ente onipotente a figurar nos quadros de uma exposição permanente.
Verte a fome e a miséria nas verdes terras desta índia, deusa de infinitos frutos e diversos lutos que enegrecem suas artérias, entorpecem as materias pensantes ... um pouco antes da morte silenciosa, surgem vozes para quebrar os grilhões e as correntes, surgem silhuetas a desatar os nós desta densa prisão ... extensa fúria conduz os povos a sua translúcida razão, intensa luta pelos sonhos ... revolução.
Entrelaçam-se mãos na união das forças em comum sensação, em um turbilhão ansioso se vai a massa empurrando as castas contra um paredão rumo à aquilo que fora sua mansão.
Lançam-se tanques sobre pessoas famintas, abrem-se fogos sobre os olhos atônitos, anônimos se curvam frente ao metal mortal, mas o mal é deposto e torna-se oposto, um imposto, um qualquer sem rosto, um esboço.
Esforço infinito, sangue exposto na grama das moradias, seres que surgem diante uma luz, luz a iluminar um novo dia ... despedida

Mar/93
Ave sem ninho à voar pelo céu dos aflitos ... não escutam os teus gritos ... não percebem os teus sentidos ... despedaçam-se os mitos.
Infinitos passos a trilhar caminhos distintos, intrínsecos passamos a voar sem destino ... não atino qual o dever do ser, qual querer me faço pertencer.
Tecer a vida escalando os degraus do dia, esquecer da vida diante a porta da moradia, desfalecer diante a presença de minha menina.
Estabelecer metas como um atleta que busca a sua superação, às máscaras que lhe turvam a visão, páginas em branco tornando-se coração ... emoção de não vencer os teus obstáculos, mas sim transpor o mundo e os seus oráculos.
Abstrato extrato de banco, números e mais números criando uma dependência ... vício lícito imposto pelas finanças e ganâncias ... desde a infância.

(sem data)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Deixemos cair por terra as máscaras e as pinturas da face. Sigamos de rosto e espírito limpos rumo ao amanhecer de nossa luta. Não basta sermos apenas os teóricos do amanhã ... alegóricos seres que pendem de cordões manipulados, marionetes de um trágico espetáculo ... oráculo de respostas feitas de plástico.
Tentemos desatar estes nós que nos envolvem os braços, procuremos usar estas fibras para tecer as escadas de nossa fuga. Fuga esta não da realidade, mas sim das letargicas promessas de que um dia tudo muda ... luz do fim do túnel ... túnel de uma infinita travessia.
A rebeldia se esconde em uma ilha, ilha esta cercada por mil armadilhas e masmorras frias. O ser livre é algo incomodo, que denota batalhas e destruição da mesa posta;não é uma aposta nem tampouco um monte de bosta. É mais um momento de expansão, aonde um ser se torna fruto de seu querer ... sem querer alimentar as fornalhas da usina, sem querer perpetuar as maldades da tirania.
Mar/1993
Em meus olhos navega a tua imagem, em meu coração somente transborda a emoção quando encontro tua visão ... paixão diluída nos atos, fluída nos recatos ... nos recantos da solidão.
Falta me faz a linguagem, falta me faz a linhagem, para te alcançar na razão ... vazão de sentimentos proibidos, impedidos pela fraqueza de meu ser.
Queria ser o todo, estar no topo, mas mal sei escalar um morro, um simples tolo ... palavras jogadas, espalhadas por um papel qualquer, não exprimem o que de fato sinto ... omito.
Mito de meus sonhos mais intímos, musa de meus devaneios mais lindos ... queria agora abraçar o teu corpo, navegando pelas curvas de tua cintura, acariciando teu rosto como se fosse uma pintura.
Loucura pura e crua, desnuda criatura em sincera busca, em matéria impura ... lua de uma serenata, rua de um vagar silencioso; meus poros respiram o teu perfume, cheiro cheio de repouso ... descanso das batalhas mentais, fatais escaramuças de uma mente escusa ... reclusa em sua própria loucura.
(sem data)
Sorrio para ti meu maior desafio, meu maior inimigo. Te desafio a também sorrir, a rir deste mundo não limpo ... tu que desafina as cordas da vida, que impregna o ar com teu fétido lamentar.



Escute as alegrias, as verdadeiras alegrias; pois elas destruíram tuas alegorias te pondo frente a frente com as moscas de um verde negrume, o teu cérebro transborda em estrume ... ser sem virtude.



Não me importarei com tuas maledicências, medíocres falências de tua língua ... ingua nascente sobre as axilas de um doente ... dor de dente de incomodo presente, refletes um futuro longínquo a onde teremos vencido a fome dos homens e a ignorância daqueles que devoram estes famintos homens.



Comerás as ervas daninhas que crescem nas esquinas, dormirás nas pedras úmidas das masmorras sem vida ... a ida é a própria vinda, é a inconstante via que nos acessa a uma insana melodia ... luz de um novo dia, dia de um novo conhecer, esquecer da ganância faminta, padecer apenas diante a velhice tranquila.

(sem data)